" Nos povoados camponeses mestiços, inclusive naqueles onde a língua mudou e a indumentária tradicional foi abandonada, subsistem traços da 'cultura material, das atividades produtivas, dos padrões de consumo, da organização familiar e comunitária, das práticas médicas e culinárias e de grande parte do universo simbólico': a desindianização provoca nesses grupos 'a ruptura da identidade étnica original ', mas continuam tendo consciência de ser diferentes ao se assumir como depositários de um patrimônio cultural criado ao longo da história".
Nestor Garcia Canclini
Culturas Híbridas, editora Edusp.
As discussão sobre a demarcação das terras Tupinambás, em Olivença, não deve cair no erro de questionar a legitimidade "étnica" dos índios.
A mestiçagem nos caracteriza e é um componente intrínseco do povo brasileiro.
Devemos levar em consideração o diálogo permanente entre as culturas e a influência do capitalismo, que altera as relações humanas em todos os aspectos. Considerar índio apenas o "primitivo" que come carne humana ou anda com as suas "vergonhas" de fora, é, sem sombra de dúvida, uma opinião equivocada e ignorante.
O desenvolvimento capitalista influencia qualquer comunidade que não seja totalmente isolada das outras, sendo assim, não há porque exigir do índio "comportamentos" de um silvícola.
Os povos indígenas submetidos à hegemonia cultural do homem "iluminista", com o passar dos tempos, perderam componentes valiosos de sua identidade. Essa imposição, além de ser dura, é cínica, pois cobra deles autenticidade.
Dúvidas relacionadas às origens dos índios de Olivença (Tupinambás ou Aimorés ou Tupiniquins), podem ser consideradas problemas de pesquisa, porém, isto não lhes tira o direito pela terra, pois o reconhecimento étnico-cultural veio em 2002, através da FUNAI.
Caso o amigo leitor não acredite, na "persistência" de tradições indígenas no cotidiano deste grupo, sugiro maior atenção à citação do escritor argentino Nestor Canclini, colocada no início do texto.
A discussão sobre a dimensão da reserva merece outro artigo, que não poderá ignorar os direitos dos moradores de Olivença, e dos demais grupos ali presentes.
Nestor Garcia Canclini
Culturas Híbridas, editora Edusp.
As discussão sobre a demarcação das terras Tupinambás, em Olivença, não deve cair no erro de questionar a legitimidade "étnica" dos índios.
A mestiçagem nos caracteriza e é um componente intrínseco do povo brasileiro.
Devemos levar em consideração o diálogo permanente entre as culturas e a influência do capitalismo, que altera as relações humanas em todos os aspectos. Considerar índio apenas o "primitivo" que come carne humana ou anda com as suas "vergonhas" de fora, é, sem sombra de dúvida, uma opinião equivocada e ignorante.
O desenvolvimento capitalista influencia qualquer comunidade que não seja totalmente isolada das outras, sendo assim, não há porque exigir do índio "comportamentos" de um silvícola.
Os povos indígenas submetidos à hegemonia cultural do homem "iluminista", com o passar dos tempos, perderam componentes valiosos de sua identidade. Essa imposição, além de ser dura, é cínica, pois cobra deles autenticidade.
Dúvidas relacionadas às origens dos índios de Olivença (Tupinambás ou Aimorés ou Tupiniquins), podem ser consideradas problemas de pesquisa, porém, isto não lhes tira o direito pela terra, pois o reconhecimento étnico-cultural veio em 2002, através da FUNAI.
Caso o amigo leitor não acredite, na "persistência" de tradições indígenas no cotidiano deste grupo, sugiro maior atenção à citação do escritor argentino Nestor Canclini, colocada no início do texto.
A discussão sobre a dimensão da reserva merece outro artigo, que não poderá ignorar os direitos dos moradores de Olivença, e dos demais grupos ali presentes.
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