quinta-feira, 30 de julho de 2009

A vida de um ídolo do futebol após a carreira

Da Carta Capital.

Artigo do Dr. Sócrates.

Vida virtual, consequências reais.
A vida que o sucesso e a popularidade nos oferecem é cheia de particularidades interessantes. Somos tratados como indivíduos especiais e únicos, e os privilégios são espantosos. Isso geralmente nos encanta de tal forma que se torna difícil manter a razão. Mas não se pode perdê-la em hipótese alguma, pois as consequências são imprevisíveis. Durante o auge da popularidade como jogador de futebol, eu era convidado de uma das mais elegantes casas noturnas de São Paulo. De vez em quando, até por curiosidade para conhecer pessoas mais exigentes e sofisticadas no trato social, eu aparecia por lá. Em pouco tempo, já conhecia todos que ali trabalhavam e me sentia em casa ainda que os tipos que a frequentavam não fossem exatamente aqueles que me fascinavam (ou fascinam) conviver. Mas havia suas atrações. Gente bonita, algumas boas cabeças e shows musicais de qualidade.

Isso perdurou por longos anos até que um dia recebi pela primeira vez uma conta a pagar. Nesse momento, ficou claro para mim que o personagem que encarnava já não era tão interessante para aquela casa e nunca mais retornei. Até porque aquele não era um local de minha eleição, além de ser extremamente dispendioso para as minhas posses. Não tive nenhum problema com a repentina autoexclusão de um ambiente que de alguma forma fez parte da minha vida por algum tempo, porque sempre tive claro que o convidado em questão não era o ser humano que sou e, sim, a personalidade que todos conheciam dos campos de futebol, da televisão, dos jornais e das revistas. Um personagem que um dia morreria – como de fato aconteceu. Reconhecer as diferenças fundamentais entre o que é real e virtual nessas histórias que envolvem atividades populares é de fundamental importância para a sobrevida posterior de quem atinge esse estágio.

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