O Porto Sul pegou os baianos de surpresa, como os monstros marinhos de antigamente. Saiu do nada, no dia 31 de dezembro, embrulhado numa licitação que entregava à estatal Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., do Ministério dos Transportes, os estudos de uma ferrovia ligando ao Oceano Atlântico a sertaneja Caetité, a 757 quilômetros de Salvador.
Caetité, que até agora viveu de boi, urânio e manganês, foi promovida a exportadora de minério de ferro para alimentar recordes chineses de desenvolvimento insustentável. E a escolhida para pagar por isso foi Itacaré, melhor endereço turístico do litoral baiano.
O projeto chega esbanjando fôlego. Está montado em R$ 4 bilhões. É uma Parceria Público-Privada. Tem na fachada a Bahia Mineração Ltda. Embaixo, 300 milhões de toneladas de minério. E, na retaguarda, a sombra incomensurável de Hash Lakshmi Mitall, uma espécie de Eike Batista indiano, elevado à potência de US$ 50 bilhões. A infra-estrutura fica por conta do governo. E ela implica, fora a estrada de ferro, uma plataforma de embarque avançando mais de um quilômetro mar adentro e um novo aeroporto. Sua construção ameaça despertar do sono histórico os manguezais da região com uma usina de pelotização - que, sozinha, bastaria para garantir toda a poeira necessária para filtrar o sol dos hóspedes em hotéis cinco estrelas a mais de 20 quilômetros de distância.
Leia mais.
Leia mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário